Como um dos mais antigos golpes por email, o nigeriano, capta vítimas

Dois em cada 3 usuários mundiais da internet já sofreram algum tipo de crime na rede e um dos contos de vigário mais antigos na web é o golpe nigeriano, que acontece por email.
A mensagem do email tem como remetente um suposto príncipe da Nigéria, ou descendente de família real, muito rica, proprietária de minas de pedras preciosas naquele país africano.
Em texto primário, chulo, repleto de erros gramaticais e ortográficos, o golpista pede ao destinatário um valor em dinheiro para liberar outro valor, correspondente a uma herança – dez, vinte ou cem vezes maior –, retido por autoridades governamentais, por falta de pagamento de despesa judicial.
O golpista oferece ao destinatário, se este enviar-lhe o valor solicitado, dividir ao meio a fortuna que receberá após o pagamento das custas judiciais.
Nos EUA, um desses gatunos foi condenado a 12 anos de prisão depois de obter US$ 1,3 milhão de incautos dentro do país.
Apesar da ampla repercussão global dessa condenação, a fraude sobrevive já por mais de uma década.
Os que caem nessa conversa são novatos na internet e como diariamente novos usuários têm acesso à web, consequentemente existem sempre  potenciais clientes desse tipo de fraude.
Para os golpistas, enviar emails é algo barato; tem custo quase zero, porque eles dominam a tecnologia, o que lhes viabiliza disparar dezenas de milhões de mensagens pelos quatro cantos do mundo, em diversos idiomas.
Intrigado com o primarismo do texto usado no golpe, o especialista Cormac Herley, da Microsoft Research, estudou o assunto.
Herley descobriu que os golpistas não tem interesse em apresentar texto correto, nem querem parecer legítimos, porque isto faz parte da fraude.
Para eles, se alguém responde ao email, escrito de um jeito absurdamente bobo, incorreto e ingênuo, trata-se de um incauto, com o qual vale a pena continuar o golpe.
Do estudo de Herley:
Se o objetivo é maximizar a resposta à campanha de email, parece que mencionar 'Nigéria' (país que se tornou um sinônimo de golpe online) é contraproducente.
Dificilmente alguém poderia escolher um lugar de origem pior se o objetivo é atrair os incautos a conversar por e-mail.
Como ingenuidade é algo não-observável, a melhor estratégia é fazer quem possui essa qualidade se identificar.
Um email com histórias de quantidades fabulosas de dinheiro e corrupção na África Ocidental será considerado por todos – exceto os ingênuos – como bizarro.
Esse email será reconhecido e ignorado por qualquer um que usa a internet tempo o bastante para tê-lo visto diversas vezes.
Esse email será abandonado por qualquer pessoa que consulte família ou amigos, ou que leia qualquer aviso de bancos e agências para transferência de dinheiro.
As pessoas que sobram são o alvo ideal para golpistas.
Essas pessoas representam um subconjunto minúsculo da população geral (usuária de internet) .

Clique aqui e leia o texto, em inglês, de Cormac Herley "Why do Nigerian Scammers Say They are from Nigeria?"


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